Eram três e meia da tarde quando saí de casa com uma idéia na cabeça e uma responsabilidade nas costas. Depois de uma caminhada de seis quilômetros encontrei meu grande garoto para mais uma sessão de investimentos e diversão. Ainda brinquei com ele falando que encontraria o sapo Kajuru naquela noite. Rimos, tomamos água de côco e contamos algumas histórias um para o outro até que às oito horas ele teve de partir.
Direcionei-me para o quartel-general do bonequismo, que coincidentemente completava 15 anos de vida ontem, onde também era o local combinado para o encontro com o amigo fanfarrão e engenheiro da floresta, João Galafuz. Depois de algumas explicações de posturas, critícas do cotidiano e escárnio geral, a sessão de descarrego nórdica teve início com Burzum, Current 93 e Death in June. Estávamos devidamente congratulados...
Parecia que o auge da noite tinha chegado, só que com esse companheiro a viagem nunca está perdida e depois de umas latas arriscamos uma grande jogada. A estrada de Piratininga não estava tão ruim assim e às dez chegamos ao evento. O segurança pediu o convite, mas a gente só queria comprar o livro. A biscatinha que levava gelo para o whisky do magnata ainda disse que ninguém venderia nada alí.
Enquanto secávamos as latas no estacionamento, antes de pegar o retorno para a sem limites, ouvimos Amarildo convidando os presentes para a aquisição de seus exemplares devidamente autografados. Na segunda tentativa, o amigo do amigo do amigo do amigo entendeu que, mesmo sem querer, eu tinha a senha para adentrar ao recinto.
Em menos de dois minutos estávamos ao lado do mestre intolerável. Cercado de vestidos pomposos e pseudos colunáveis provincianos, todos os olhares se dirigiam as duas únicas pessoas de bermuda naquele ambiente: nós. A fila se formou, entretanto os "endinheirados" tinham preferência. Neste momento ainda revi írmas jornalísticas e ex-cunilungus patronus, que me informaram da grandeza do meu feito.
Era a minha vez. Pedi um exemplo de sinceridade para meu primogênito e um registro para outros sites. Fui atendido com carinho e destreza. Rapidamente chegou o próximo. Enquanto esperava a assinatura para Pedro, observei melhor a situação. O jornalista tinha virado um escravo de sua própria honestidade e os exploradores se serviam de camarão. Nisso aparece o técnico da maquinha vermelha desejando amaciar a bola. Outros jogadores também comemoraram a oportunidade. A cobertura teve início e a missão estava cumprida.
A consciência do efeito borboleta fez com que não tocássemos em nada antes de sair. Ambos sabíamos que todos ansiavam pela nossa equiparação, porém não pertencíamos àquela casta. No posto da entrada da cidade, mais perto da nossa realidade, todos curtiram nossa realização. Após o ato, no bar do meio, ainda transbordamos de cevada e de alma lavada tive certeza de que sempre estive certo em meus posicionamentos, apesar de não ter escapada da condenação da profissão.
Em minha ilusão de liberdade decidi parafrasear seu pólvora pura, portanto:
- Jorge Kajuru (Jornalista)
Guerreiro da verdade, acerta até quando erra. Se é pra ser um profissional da comunicação que seja como ele.
Texto dedicado para a musa Kátia.
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